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Eleições em Florianópolis: continuidade em meio a reviravoltas nas alianças



Cíntia Pinheiro Ribeiro de Souza*


As pesquisas indicam a liderança do atual prefeito Topázio Neto (PSD) na disputa pela prefeitura de Florianópolis no primeiro turno. Empresário do ramo de tecnologia e novato na política, ele foi eleito vice-prefeito pelo Republicanos em 2020, na chapa com o candidato a prefeito Gean Loureiro (DEM à época). Topázio assumiu a prefeitura em 2022, quando Loureiro renunciou ao cargo para disputar o governo de Santa Catarina naquele ano. Esta eleição será, então, a primeira disputa de Topázio como cabeça de chapa a um cargo político.


A pesquisa Quaest divulgada em 27 de agosto aponta Topázio com 40% das intenções de voto, o ex-prefeito Dário Berger (PSDB) com 16%, e Marquito (PSOL) com 13%. Lela (PT) e Pedrão (PP) têm 6% cada um. O atual prefeito é o mais conhecido, lidera a pesquisa espontânea, enquanto o segundo colocado, o ex-prefeito Dário Berger, que já foi senador por SC sem ter conseguido se reeleger nas últimas eleições, lidera a rejeição, com 43%.


Marquito, eleito deputado estadual em 2022, foi o candidato mais votado para a Assembleia de Florianópolis. Lela, que já foi vereador e teve uma passagem relâmpago pela secretaria de Cultura no governo de Loureiro, é a aposta do PT nessas eleições que, desde 2008, não lança candidato próprio à prefeitura. Pedrão já foi vereador na cidade e ficou na suplência para a Assembleia nas últimas eleições.


O governo de Topázio é bem avaliado à frente da prefeitura, embora operações recentes da Polícia Civil tenham afastado secretários municipais e servidores comissionados de seus cargos por suspeitas de corrupção, fraudes e outros crimes. Os dados da pesquisa Quaest do fim de agosto apontam que 50% avaliam a gestão como positiva, e, 31%, como regular. Uma parcela pequena de 14% dos eleitores entrevistados considerou negativo o desempenho do governo e 5% não souberam ou não quiseram responder.


Topázio tem sido apontado como um fenômeno das redes sociais, ficou conhecido nacionalmente como prefeito Tiktoker. Ele acumula mais de 300 mil seguidores no Tik Tok e vídeos com centenas de milhares de visualizações. O prefeito usa a rede social para divulgar ações da sua gestão de maneira descontraída com vídeos bem produzidos. Nesses vídeos, ele dá a impressão de estar onipresente na cidade, inaugurando praças, mostrando pontos turísticos, em um dos vídeos, ele chega a sair de um buraco que é a fundação de uma obra de drenagem.


Além disso, Topázio recebe apoio do governador Jorginho Mello (PL), correligionário de sua candidata a vice-prefeita, Maryanne. A homologação da candidatura do prefeito na convenção do PL contou com a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o que aproxima ainda mais Topázio do campo conservador e dos bolsonaristas. É importante lembrar que Bolsonaro recebeu a maioria dos votos na cidade nas últimas duas eleições presidenciais.


É costumeiro que, quando um candidato lidera com folga nas intenções de voto, especialmente tentando a reeleição, ele aposte no tom positivo de suas mensagens para destacar os feitos do mandato. Porém, já nesse início de propagandas no horário eleitoral gratuito, a campanha de Topázio tenta conciliar mensagens positivas destacando a inauguração de novas obras com ataques ao distante segundo colocado, talvez na esperança de converter votos e crescer o suficiente para vencer no primeiro turno. Chama a atenção que os ataques são desferidos ao oponente e ex-aliado, Gean Loureiro, ex-prefeito de quem foi vice até 2022, que agora oferece apoio a Dário Berger.


A disputa pela prefeitura de Florianópolis se concentra, portanto, no campo da centro-direita acompanhando a tendência dominante no estado de Santa Catarina, um dos bastiões do bolsonarismo. A esquerda é historicamente um campo minoritário na cidade e está dividida nessas eleições, entre as candidaturas do PT e do PSOL, o que praticamente elimina as chances de alguma delas ir ao segundo turno. Diante desse racha, é provável que nem o apoio de Lula, que pede votos ao candidato do PT, consiga alavancá-lo. Não é demais lembrar que a união da esquerda em torno da candidatura do PSOL à prefeitura, em 2020, não conseguiu ir além de discursos aos convertidos e nem sequer chegou ao segundo turno, ainda que os ventos soprassem a favor. Naquela ocasião, Gean Loureiro, candidato à reeleição, teve de lidar com um escândalo durante a campanha eleitoral, baseado no vazamento de um vídeo no qual mantinha relações sexuais com uma servidora nas dependências da administração municipal.


No campo da direita, Topázio dispõe de um contexto favorável à sua tentativa de permanecer no cargo. A continuidade é a regra em Florianópolis: todos os candidatos que tentaram a reeleição, ainda que sob condições adversas, foram bem-sucedidos no passado. Somados a isso os apoios recebidos pelo atual prefeito e a grande rejeição ao segundo colocado, há chances de essa eleição se resolver já no primeiro turno, embora seja mais provável que Topázio dispute o segundo turno com o ex-prefeito Dário Berger.


(Crédito de imagem: Divulgação - 2016/Embratur)


*Cíntia Pinheiro Ribeiro de Souza, cientista política pela Universidade Federal de Santa Catarina.

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